Guia prático para análise e tratativa de não conformidades nas análises da qualidade do ar

Recomendações técnicas para investigação de não conformidades para análises da qualidade do ar em ambientes internos

Parâmetro

Origem

Ações sugeridas para tratativa de não conformidade

Dióxido de Carbono (CO2)

Valor limite: até 700 ppm acima do valor do resultado para análise realizada no ar externo.

Gás presente no ar, adotado como indicador da taxa de renovação de ar para ambientes internos com ocupação. O ar confinado em ambientes internos precisa ser trocado periodicamente, no intuito de manter o ambiente saudável e minimizar riscos de disseminação de contaminantes e doenças. Sistemas de renovação de ar devem ser projetados levando-se em consideração o número de pessoas, área climatizada, distribuição do ar no ambiente, entre outros.

Ambiente Externo:

- Processos de combustão.

- Queimadas.

- Aumentar a taxa de renovação de ar no ambiente interior.

- Avaliar sistema de distribuição quanto seu balanceamento.

- Reduzir ou mitigar processos de combustão no ambiente interno.

- Verificar se o número de ocupantes do ambiente está de acordo com o projeto de climatização.

- Instalar sistema de renovação de ar autônomo, especialmente em ambientes sem sistema de climatização HVAC (Heating, ventilation, and air conditioning, na tradução literal Aquecimento, ventilação e ar condicionado central - AVAC).

Ambiente Interno:

- Subproduto metabólico da respiração de pessoas e animais.

- Processos de combustão (cocção, lareira, etc.).

- Manipulação de gelo seco.

Material Particulado PM2,5 e PM10

Valor limite: PM2,5 ≤ 25 μg/m3 e PM10 ≤ 50 μg/m3.

Material particulado PM10: São partículas menores ou iguais que 10 µm.

Material particulado PM2,5: São partículas menores ou iguais que 2,5 µm. Estas partículas tem alto poder de penetração no nosso organismo, chegando aos pulmões e podendo chegar ao alvéolo pulmonar.

O material particulado é uma das principais vias de transporte pelo ar para bactérias, vírus e outros microrganismos e sua presença deve ser reduzida o quanto se fizer possível. Está relacionado a uma série de problemas de saúde, como alergia, problemas neurológicos, entre outros.

Ambiente Externo:

- Poluição atmosférica, obras, fábricas, região portuária e áreas rurais com movimentação de grãos, cimenteiras, veículos em vias de grande tráfego.

- Queimadas, incêndios.

- Suspensão de poeira do solo.

- Grandes obras nas proximidades.

- Utilizar filtros de acordo com ABNT NBR 16401.

- Seguir orientações do PMOC quanto a substituição dos filtros e manutenção adequada do sistema de distribuição do ar na edificação

- Ambientes sem HVAC devem dispor de sistema de renovação de ar com filtração G4 + M5 para remoção das partículas do ar para manter portas de janelas fechadas, sempre que a origem do material for o ambiente externo.

- Atenção as variações da qualidade do ar externo ao longo do ano. Períodos de seca tendem a piora da qualidade do ar atmosférico.

Ambiente Interno:

- Deposição de material no sistema de distribuição de ar, que com a passagem do ar são carregadas para o ambiente interno.

- Presença de cortinas, carpetes, tapetes e isolamento acústico, entre outros, podem acumular e emitir fibras minerais, orgânicas ou sintéticas para o ambiente.

- Processos de varrição e aspiração podem retirar partículas depositadas nas superfícies e suspendê-las no ar.

- Obras e reformas no ambiente interno

- Avaliação e limpeza dos dutos de distribuição de ar condicionado. Inspecionar e realizar a limpeza de dutos, sempre que constatado nível de poeira maior que 75 mg/m², conforme ABNT NBR 15848.

- Substituir materiais que são potenciais geradores de fibras.

- Realizar a limpeza de carpetes e estofados conforme Guia ABRITAC.

(https://conforlab.com.br/wp-content/uploads/2021/08/Guia-tecnico-lmanutencao-limpeza-tapetes-cartepes-capachos.pdf )

- Instalar purificadores de ar com eficácia comprovada para redução de partículas no ar.

- Reduzir ou mitigar processos que geram grande quantidade de partículas ou aerossóis.

Fungos viáveis

Valor limite:  ≤ 750 UFC/m3

É a quantidade de fungos viáveis (vivos) presentes em cada metro cúbico de ar.

Relação I/E

Valor limite:  ≤ 1,5

É o valor matemático que representa a quantidade de fungos no ambiente interno, quando comparado com o ar externo. Exemplo: Relação I/E igual a 0,9, significa que a concentração de fungos no ambiente interno é 0,9 vezes o valor da concentração de fungos no ar externo.

Ambiente Externo:

- Poluição atmosférica, obras, fábricas, região portuária e áreas rurais com movimentação de grãos, cimenteiras, vias de grande tráfego.

- Fenômenos atmosféricos, incluindo inversão térmica que favorecem o aumento da concentração de fungos no ar externo.

- Manter em conformidade todos os itens do PMOC (Plano de Manutenção, Operação e Controle), Lei Federal 13.589, de 04 de janeiro de 2018.

- Manter filtragem do ar de acordo com a norma NBR 16401-3, nas tomadas de ar externo e condicionadores de ar.

- Ambientes sem HVAC devem dispor de sistema de renovação de ar com filtração G4 + M5 para remoção das partículas do ar para manter portas de janelas fechadas, sempre que a origem do material for o ambiente externo.

- Eliminar todos os pontos de umidade observados em superfícies, tais como, paredes, mobílias, tetos, divisórias, compensados, gesso, madeira, concreto, etc.

- Se observado algum ponto com crescimento de mofo, contratar empresa especializada para desenvolvimento do procedimento de remediação de mofo (conforme recomendações da USEPA ou órgão reconhecido).

- Realizar a limpeza e manutenção de materiais porosos, tais como, carpetes, cortinas e têxteis de acordo com as recomendações da ABRITAC ou ABIT – Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção e/ou CRI – Carpet and Rug Institute. (https://conforlab.com.br/wp-content/uploads/2021/08/Guia-tecnico-lmanutencao-limpeza-tapetes-cartepes-capachos.pdf )

- Em ambientes com sistema central de condicionamento (dutos), manter portas e janelas sempre fechadas e o sistema operando conforme recomendações da ABRAVA – Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento.

- Como medida preventiva, utilizar tecnologias comprovadamente eficazes para a remoção/controle de fungos no ar de ambientes internos, tais como, purificadores com filtro HEPA, foto catálise, peróxido de hidrogênio, entre outras tecnologias testadas e seguras aos ocupantes.

- Como medida preventiva e auxiliar, realizar a contratação de uma empresa especializada para Inspeção de Ambientes, visando identificar não conformidades e pontos de melhoria para a remediação e controle da concentração de fungos viáveis em ambientes internos.

Ambiente Interno:

- Presença de mofo ou condensação no sistema de tratamento e distribuição de ar (filtro, serpentina, bandeja, duto, difusor, etc.).

- Infiltrações ou umidade relativa do ar maior que 65% no ambiente podem favorecer o surgimento de focos de mofo nas paredes, forros e isolamentos.

- Realização de obras sem plano de contenção de poeira e material biológico.

- Entrada de ar externo sem tratamento no ambiente interno, através de portas, janelas e outras aberturas.

Bactérias

Valor limite: ≤ 500 UFC/m3.

Bactérias são organismos unicelulares que não possuem núcleo definido nem organelas membranosas. Podem ser classificadas de acordo com o seu formato, sendo as formas mais comuns a esférica, a de bastão e a espiralada. São conhecidas principalmente, pelas doenças que causam em seres humanos, mas também são amplamente utilizadas em processos tecnológicos. São encontradas em superfícies e no ar interior e exterior. Podem ser transportadas por partículas e aerossóis.

Ambiente Externo:

- O solo é fonte de bactérias que podem ser liberadas no ar através de atividades como vento, erosão, aragem ou movimentos de terra.

- Presentes em corpos d'água, como rios, lagos e oceanos, podem ser liberadas no ar através da evaporação, respingos ou atividades humanas, como irrigação ou pulverização.

- Fatores climáticos como vento, chuvas, tempestades e poluição podem influenciar a dispersão e concentração de bactérias no ar.

- Evaporação de efluente (esgoto), aterro sanitário.

- Manter em conformidade todos os itens do PMOC (Plano de Manutenção, Operação e Controle), Lei Federal 13.589, de 04 de janeiro de 2018.

- Manter filtragem do ar de acordo com a norma NBR 16401-3, nas tomadas de ar externo e condicionadores de ar.

- Ambientes sem HVAC devem dispor de sistema de renovação de ar com filtração G4 + M5.

- Como medida preventiva, utilizar tecnologias comprovadamente eficazes para a remoção/controle de bactérias no ar de ambientes internos, tais como, purificadores com filtro HEPA, foto catálise, peróxido de hidrogênio, entre outras tecnologias testadas e seguras aos ocupantes.

- Como medida preventiva, o uso de máscaras em ambientes com grande densidade de pessoas, maior de 0,5 pessoa/m².

- Sempre que constatados focos de umidade, solucionar o problema em até 48 horas.

- Realizar a gestão correta de resíduos, especialmente resíduos orgânicos (alimentos).

- Implementar melhores práticas de limpeza e higienização de superfícies.

- Tratamento da água de torre de condensação, piscinas, fontes, etc.

Ambiente Interno:

- Dispersão através de partículas de poeira, gotículas de saliva ao falar, espirrar ou tossir (pessoas).

- Proliferam em superfícies, objetos e materiais úmidos, infiltrações ou inundações.

- Evaporação de água proveniente de torre de condensação, bandeja, fontes, lagos, umidificadores.

Umidade Relativa

Valor recomendado: 35% ≤ 65%

Manter a umidade relativa entre 35% e 65% é importante para reduzir o tempo de vida de bactérias e favorecer a inativação viral.

A umidade do ar é a medida da quantidade de vapor de água presente no ar em comparação com a quantidade máxima que o ar pode conter a uma determinada temperatura. Ela é expressa em porcentagem (%). Um valor de 100% significa que o ar está completamente saturado de vapor de água e não pode conter mais, o que pode resultar em condensação (formação de gotículas de água). Umidade baixa, menor que 35%, indica que o ar está seco, enquanto valores acima de 65% indicam alta umidade.

De acordo com Environmental Protection Agency (EPA), o controle de umidade deve ser menor que 65% para controle efetivo da proliferação de focos de mofo nos ambientes internos.

Ambiente Externo:

- Uma série de fatores climáticos, como: evaporação de rios, lagos, oceanos, transpiração de plantas, chuvas e tempestades, entre outros.

- Uso de equipamentos de umidificação e/ou desumidificação. Desumidificadores são aparelhos que removem a umidade do ar, tornando-o mais seco. Umidificadores adicionam umidade ao ar, através de lavagem do ar ou aerosolização. Eles são uma solução eficaz e podem ser ajustados para manter a umidade dentro da faixa recomendável (entre 35% e 65%). Normalmente, recomenda-se o uso destes equipamentos em ambientes onde não há sistema de climatização central (HVAC).

- Regular o sistema de HVAC para um controle efetivo da umidade do ar em todos os ambientes, para que ela fique entre 35% e 65%. Consultar o projetista de HVAC do empreendimento.

- Verifique se há infiltrações e/ou vazamentos de água em paredes, janelas, tetos e telhados, pois essas podem aumentar a umidade no ambiente. Solucionar essas infiltrações e/ou vazamentos pode ajudar a controlar a umidade do ar, mas normalmente é um fator secundário.

- Existem dispositivos específicos projetados para adicionar umidade ao ar ambiente. Eles vêm em diferentes tipos, como evaporativos, ultrassônicos ou de vapor. Eles são projetados para serem integrados ao sistema de ar condicionado ou operarem independentemente.

- Em sistemas mais avançados, é possível ajustar a umidade relativa do ar por meio de controles automatizados. Isso pode envolver a configuração de um ponto de ajuste específico para a umidade desejada, entorno de 50%.

Ambiente Interno:

- Atividades humanas (cocção, processo de limpeza, etc.).

- Condições climáticas (ar externo).

- Vazamentos e infiltrações.

Temperatura

Valor limite: 21°C ≤ 26°C

A temperatura do ar refere-se à medida da quantidade de calor ou frio presente na atmosfera em um determinado momento e local específico. A temperatura do ar pode variar ao longo do dia e de acordo com as estações do ano, sendo influenciada por diversos fatores como radiação solar, umidade, ventos e altitude.

Ambiente Externo:

- Uma série de fatores fazem com que a temperatura aumente ou diminua, como: radiação solar, cobertura de nuvens, atividades humanas, topografia e altitude, entre outros.

- Regular o sistema de climatização para que opere dentro da faixa estipulada pela norma (21°C ≤ 26°C).

- A entrada de ar externo sem tratamento no ambiente interno influencia significativamente a temperatura nos ambientes.

Ambiente Interno:

- Atividades humanas.

- Condições climáticas (ar externo).

Velocidade do ar

Valor limite: ≤ 0,20 m/s

A velocidade do ar é um fator essencial nas percepções de conforto térmico porque as pessoas são sensíveis ao movimento do ar.

É desejável uma vazão de ar entre 0,1 e 0,2 metros por segundo.

Pouca circulação de ar ou ar parado ou estagnado em ambientes internos pode causar sensação de fadiga.

Se o ar estiver mais frio que o ambiente, então ele pode ajudar a resfriar os trabalhadores em um ambiente quente, no entanto, pode causar mais desconforto aos trabalhadores em um ambiente frio. Por exemplo, se alguém se sentar diretamente sob uma saída de ar condicionado, então ele pode estar em uma corrente de ar e, portanto, muito mais frio do que o ideal.

Uma elevada velocidade do ar pode contribuir para a suspensão de partículas no ar, podendo gerar riscos à saúde dos ocupantes, direta ou indiretamente.

Ambiente Externo:

- Ventos

- Regulagem, balanceamento do sistema de distribuição de ar e redirecionamento de difusores.

- Em ambientes sem HVAC deve-se avaliar a influência causada por equipamentos de condicionamento, ventiladores e/ou circuladores de ar.

- Correntes de ar oriundas de outros ambientes ou ambiente externo.

Ambiente Interno:

- Difusores de ar com dimensionamento ou aferição incorreta.

- Ventiladores e circuladores de ar.

- Portas e janelas.

Plano de Gestão da Qualidade do Ar

A nova norma de qualidade do ar interior ABNT 17037:2023 estabelece que toda edificação deve dispor de um conjunto de ações para garantir a boa qualidade do ar interior, denominado Gestão da Qualidade do Ar Interior.

A Conforlab, laboratório referência em qualidade do ar interior no Brasil desenvolveu o Plano de Gestão da Qualidade do Ar (PGQAI), uma ferramenta para auxiliar gestores e responsáveis técnicos em relação aos controles e ações necessárias para garantia da boa qualidade do ar interior.

Se você ainda não realiza a Gestão da Qualidade do Ar Interior em sua edificação, deve providenciar imediatamente, uma vez que a legislação já está vigente.

Acesse nosso site e confira essa novidade. Converse com um de nossos vendedores para contratação do PGQAI.

Conforlab Engenharia Ambiental

CNPJ: 06.191.743/0001-72

Rua Baronesa de Bela Vista, 475 – Vila Congonhas, São Paulo/SP

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